quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O MITO DA PERSEGUIÇÃO



As pregações em Meca foram recebidas com indiferença. Os mecanos, como a maioria dos não muçulmanos de hoje, eram tolerantes com todas as religiões. Ninguém ouvia falar em perseguições religiosas naquelas terras. As sociedades politeístas são geralmente tolerantes por natureza. Claro que eles ficaram ofendidos quando Maomé insultou os deuses deles, mas não fizeram nenhum mal. Caçoaram de Maomé e sua religião como as mentes pensantes de hoje caçoam do Islã.

Ibn Ishaq relata: 
Quando os companheiros do profeta quiseram rezar, eles foram ao vale estreito de modo que seu povo não os visse rezando, e enquanto Sa'd ibn Waqqas estava com um número de companheiros do profeta em um dos vales estreitos de Meca, um bando de politeístas se aproximou deles enquanto rezavam e os interrompeu de maneira rude. Eles os culparam pelo que estavam fazendo, até que chegaram as vias de fato, e foi nessa ocasião que Sa'd feriu um politeísta com a mandíbula de um camelo e o feriu. Este foi o primeiro sangue vertido no Islã. [29]

Perceba que depois que a fé deles foi caçoada, tudo que os politeístas fizeram foi caçoar os muçulmanos. Em troca, eles foram atacados e feridos. Os muçulmanos acham que não tem nada demais em difamar as sagradas crenças dos outros, mas eles se tornarão violentos se isso for recíproco. 

Ibn Ishaq continua:
Quando o apóstolo abertamente propagou o Islã como Deus o havia ordenado, seu povo não se retirou nem se voltou contra ele, tanto quanto eu soubesse, até que ele falou de maneira depreciativa sobre seus deuses. [30]

Isto já basta para colocar fim a qualquer argumento que as hostilidades em Meca contra os muçulmanos eram perseguições religiosas. É normal para as pessoas se sentirem ofendidas quando sua religião e seus ancestrais são vilipendiados. Também é compreensível se eles reagem ao criticismo com outro criticismo e a zombaria com outra zombaria. Os muçulmanos não foram abordados por causa de sua crença em Alá, ou descrença em outras deidades. Afinal de contas os judeus, cristãos e os sabeus também eram monoteístas e não acreditavam nos ídolos dos coraixitas. Ainda assim eles eram livres para praticar e pregar sua fé. Os muçulmanos foram rejeitados porque eles eram abusivos e gostavam de insultar. 

Finalmente, vexados pelas afrontas de Maomé, os anciãos da cidade recorreram a Abu Talib e pediram a ele que mandasse seu sobrinho insolente parar de insultar a fé. "Ó Abu Talib, seu sobrinho insultou nossos deuses, desprezou nossa religião, aviltou nosso estilo de vida, e acusou nossos ancestrais de dar maus conselhos; ou o senhor o manda parar, ou nos deixa pegá-lo, pois o senhor está na mesma posição em que nós estamos em oposição a ele e nós o livraremos dele. [31]


É muito pouco provável que essa seja a linguagem e a abordagem dos perseguidores. Isso é um apelo, um ultimato para que Maomé parasse de caçoar de seus deuses. Compare isso com o que os muçulmanos fazem quando seu profeta é desenhado em algumas charges. Eles fazem tumultos e matam centenas de pessoas inocentes. No espírito de coesão comunitária, por 13 anos, os coraixitas toleraram os insultos de Maomé contra seus deuses. A tolerância deles o entusiasmou. Os valentões sempre se tornam mais agressivos quando tolerados.

Pela segunda vez, os anciãos da tribo vieram a Abu Talib, reiterando o seu apelo e seu ultimato. Abu Talib chamou seu sobrinho e ordenou-lhe a ter mais consideração com a religião e os sentimentos das pessoas: "Ó sobrinho," ele disse, "seu povo fez muitas afirmações depreciativas. Poupe-me e poupe-se a si próprio. Não me faça suportar mais do que o que eu posso". 

Pensando que seu tio o tinha desamparado, Maomé deu um show. Ele disse: "se eles colocarem o sol na minha mão direita e a lua na minha mão esquerda, com a condição que eu abandone este assunto (pregar o Islã), até que Alá o faça triunfante, ou perecer aí, eu não abandonaria". Então este homens de 50 anos ficou de pé, virou-se e começou a chorar como um bebê. 

O teatro funcionou. Maomé sabia como manipular seu tio. Abu Talib, que tinha coração mole, o chamou e disse: "volte aqui, meu sobrinho. Vá e diga o que você quiser, pois por Alá eu nunca vou desistir de você". Como podemos ver nos próximos capítulos, a maturidade emocional de Maomé nunca se desenvolveu além de sua infância. 

Quando os coraixitas tentaram fazê-lo parar de insultar sua religião, eles não fizeram bem em seu ultimato. Maomé não foi ferido. Isto não aconteceu porque eles tinham medo de um homem frágil e empobrecido como Abu Talib. Eles o respeitavam, mas ele não tinha poder de fazer-lhes nenhum mal. Claro que o clã de Maomé teria ficado triste se um deles fosse morto. Apesar disso, que mal poderia as famílias fazer com uma cidade inteira? Foi em nome da tolerância e da coesão comunitária que os coraixitas obedeceram a um limite, e porque os muçulmanos eram seus parentes. Eles pagaram um preço amargo por isso. Muitos deles foram assassinados. No final, suas cidades foram destruídas e seu jeito de viver e sua religião foram erradicados. Apaziguar os valentões e tolerar a ignorância são políticas errôneas. Várias nações caíram nas garras do Islã e perderam sua identidade e sua liberdade por causa da tolerância. A História deveria servir como lição para todos aqueles que acreditam que terão paz com os muçulmanos, se tolerarem seu bullying. 

Mesmo depois da morte de Abu Talib, Maomé não foi ferido. Houve muita hostilidade, tudo causado por Maomé, mas não houve perseguição. Se os coraixitas tivessem sido mais decisivos, eles teriam extirpado o Islã. Mas os muçulmanos eram seus próprios parentes e eles não queriam feri-los. Por outro lado, os muçulmanos tinham cortado todos os laços familiares com os parentes que não acreditavam, e estavam prontos para matar seus entes mais próximos e queridos. 

Um exemplo é Abu Hudhaifa, que na batalha de Badr, desafiou seu pai Otba para um único combate. Sua irmã Hind (esposa de Abu Sufian) retorquiu em versos satíricos, insultando-o por ser estrábico, e pela barbaridade de querer lutar contra o próprio pai [32].

continua...



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